sábado, 26 de dezembro de 2009

silenzi

per un po´oggi ho pensato nella vita. prima in quella che mi trasforma un buio in sorriso come col viso chiaro, capelli biondi ed occhi azzurri.
ho pensato negli amori impossibili, nella differenza tra felicità e corpo. nella prossimità tra felicità e corpo. come ogni cosa è lontada e allo stesso tempo necessaria.
ho cercato in susana tamaro 'va dove ti porta il cuore' una parola per buttare via quello che non ce ne ha nel mio cuore. forte anche non lo so dire, spiegare quello che esistere o lascia esistere dentro il petto e la testa.
le parole si nascondono indietro l´apparenza, la birra mi fa un bacio senza sapore. 25 anni senza una metta, senza un prossimo accanto a me. per un po´oggi ho pensato nella vita.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Já recusou uma sacola plástica hoje?

a campanha é do movimento planeta sustentável que pretende diminuir a emissão de lixo de sacolas plásticas no brasil.
faça sua parte, recuse e clique!





sexta-feira, 17 de julho de 2009

minha primeira lição

atrás de quem estaria aquele 'a' com de cor forte e densidade neutra? atrás de quem? a certeza é que ele não parava de dançar na folha rosa e eu me diverti. olhei calmamente aquela criatura que por nome de vogal podemos identificar, depois de encaixar os óculos onde são realmente úteis e, dessa maneira, pude ver que não era apenas um. lá estavam os dois 'as' que naquela situação, em minúsculas, parecia um só. só então pude ver que os gêmeos dançantes estavam abraçados pelo 'n' da minha mãe. o que esse ‘n’ fazia ali? antes era apenas um ‘a’ dançante. a música parou, ou pelo menos, o ‘a’ acomodou-se junto daquele ‘n’. de certa forma o ‘n’ era a desculpa para separar e unir os dois ‘as’. separando-os dava a possibilidade de formar novas palavras, unindo-se descobri aquele nome cheio de poesia e música. era sim o nome dela. ana, em fôrma e caixa baixa, me mostrando pela primeira vez atrás de lentes oculares um nome maternal e divertido. descobri sim, como era que chamavam minha mãe, nasal e carinhosamente. assim ganhei o meu primeiro palíndromo. ana foi o início de tudo, justo quando abri os olhos para ver o mundo. palindromicamente falando, ana nasceu depois das lentes dos novos óculos que ganhei. e nem parece que perdi tanto, pois ainda lembro daquele ‘a’ se mexendo e remexendo na folha rosa com letra mini, querendo dizer que não queria ficar só por ali. meu ‘a’ aquietou-se depois disso, mas disse que não quer ficar só por aqui. não custa se enrolar com outras letras para me divertir novamente.



Pseudônimo Ornella França

quinta-feira, 16 de julho de 2009

generación y

o primo de uma amiga da sobrinha da vizinha da irmã do secretário amigo do meu pai certo dia falou a ele um nome com a letra 'y' e depois disso minha vida mudou. tá, eu nem tinha nascido, mas determinou o meu nome e da minha irmã, marcados com a chamada 'i grega'.

e o que tem a ver? nunca, na verdade, teve sentido algum, mas senti orgulho do 'y' presente em mim quando tomei conhecimento deste blog by cuba. hecho en cuba, desculpa! generación y é um presente pra quem já ouviu falar no barba branca fidel castro, no cabeludo revolucionário, no xadrez e nos mitos de la habana e da ilha pedida. por trás da literatura, vidas. dale dale.




a quem gosta de i grega ou i em contra-mão, basta clicar em http://desdecuba.com/generaciony/.
abrazos. ops!
hasta pronto!

domingo, 21 de junho de 2009

hoje

hoje o dia está como tempestade,
pesado, escuro, bom para dormir,
difícil.
entre os olhos e a garganta não me couberam a razão nem o coração.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

17 de junho de 2009, o dia da vergonha nacional!







eles subestimam a nossa inteligência...

esses girinos mal têm ensino médio completo e decidem se a prática de um comunicólogo deve ou não ter formação acadêmica. nunca sentaram a bunda numa cadeira de faculdade pra aprender o que se ensina lá, nem sabem o que é comunicação de vero, assim como ética, que acham bonito dizer sem ao menos ter a menor propriedade.
brasil de girinos, brasil abaixo!
é muito rabo preso desse stf com os jornalistas meia-boca, com o jornalismo meia-boca.
o que te lembra ao ouvir/ler as palavras 'ministro', 'brasília', 'política'? seria algo parecido com 'roubalheira', 'corrupção', 'antiética'? se sim, certemente não é mera coincidência.



de benzedeiras o brasil está cheio,
SIM À EXIGÊNCIA DE DIPLOMA PARA JORNALISTAS!






terça-feira, 16 de junho de 2009

a prática forma jornalistas?? vejam!

a prática formou jornalistas sim, desde o início do jornalismo até pouco tempo atrás. porém, os novos jornalistas que estão nascendo da prática são como aprendizes de sujeira. veja a notícia que se segue e conclua!

aos senhores dinossauros sem diploma, meu respeito pela sabedoria e minha vontade de vê-los também nas cadeiras de uma universidade. de coração!






pra constar, ivinhema é uma pequena cidade do mato grosso do sul que fica próxima de dourados - segunda maior cidade do estado.

de benzedeiras o brasil está cheio,
sou a favor na obrigatoriedade do diploma para exercer a prática do jornalismo. basta!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

blá-blá-blá da justiça




e passou-se o 10 de junho e junto, no mesmo vagão, a enrolação política interminável da justiça se fez, novamente, valer.
a obrigatoriedade do diploma para exercer o jornalismo está emperrada. a antiética na profissão está sendo assinada pelos não-jornalistas exploradores da profissão. abram alas para uma prática porca, para o jornalismo sujo passar, aliás, continuar passando, pois é isso que os pseudos-jornalistas querem. preguiçosos e sem vontade, ignorantes, sem estudos e teorias levam a mídia para o caminho que 'acham melhor'. custa estudar um pouquinho? custa levar para a prática a sabedoria dos teóricos geniais, pesquisadores justamente do que já foi feito?

de curandeiros e benzedeiras o brasil está lotado! seja a favor da medicina legal!



sexta-feira, 29 de maio de 2009

olimpo IV



seria parente do marcolla? se tirarmos sua cedilha sim, mas nem tem como, tamanhas são as diferenças e tamanha sua superioridade, embora ela tenha parentes por aqui e acolá.
a organizadora mor do celacom 2009 na universidade de marília, Rosângela Marçolla (com maiúscula), é uma das que mora no lado esquerdo do peito da torcida do corínthians.
essa sim é uma contadora de histórias... sente-se ao lado da rô e jamais conseguirá se levantar. porém tome cuidado, pois suas histórias são sempre interessantes.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

olimpo III

cremilda medina, o puro creme do milho verde?
sentada nesta cadeira vermelha estofada, sim. década por década contou sua história e quase a confundiu com a história do próprio ciespal - órgão do qual ela falava.
'notícia, um produto à venda', seu livro mais famoso que fui obrigada a ler no primeiro ano de faculdade, não tinha me deixado uma boa imagem desta vovó gente boa, mas os cabelos vermelhos em contraposição com a blusa verde, me deram uma sensação à la amélie poulain. 
gostei de conhecer, gostei de ouvir. 

mas acho q gostei mais mais quando soube que ela foi editora do vlado na 'cultura'. sim, editora e colega de vladmir herzog. ai ai ai!
celacom 2009  -  universidade de marília

quarta-feira, 27 de maio de 2009

olimpo II

na beira de la seine, prochain a la tour eiffel, monsieur marques profere belas palavras ao ritmo calmo da bossa. sim, a bossa da vez é o nosso ursinho pimpão, nosso tudibom professor-deus-brasileiro, bonequinho inteligente à pele branquinha, olhinhos azuis e simpatia inigualável. ele é o cara! baba baby, José Marques de Melo (também em maiúscula).
aplausos!!!
celacom 2009- universidade de marília,sp.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

olimpo, parte I

ó, salve-salve! suas palavras são como música para os meus ouvidos, suas colocações, como conselhos de mãe e o seu carinho, ah, o seu carinho....
para quem não acredita, sim, ela, toda poderosa, Cicília Maria Krohling Peruzzo (com maiúsculas), esteve no celacom 2009, na universidade de marília.
sensata, simpática e formidável, sempre ela, marcou o encontro com suas palavras no último dia de conferência, assim como o gt que participou.
salve-salve, pê! salve-salve, ó, peruzzo.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

você sabe como fazer um expediente??

'...mirem-se no exemplo, daquelas mulheres de atenas....' [c.buarque]























algumas perguntas...

-você sabe como fazer um expediente?
-você gosta de brincar do jogo dos 7 (ou mais ) erros?
-você acha que esta imagem é uma brincadeira?



atenção, alguém, por favor, consegue me explicar?


como assim??



JORNALISTA, SÓ COM DIPLOMA!!!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

adooooro!!

entre, sente-se e aprecie...





domingo, 10 de maio de 2009

2008-2009

não, não fui à virada cultural de 2007, 2008, 2009, ou qualquer outra,
não fui à bienal do livro, nunca,
não fui ao masp e mam,
não fui à exposição de picasso no brasil,
não tive acesso ao ano da frança no brasil,
não fui à vila madalena, mariana,
não vejo filmes franceses, italianos, alemães, afegãos, indianos, japoneses no cinema
e é difícil achar em locadoras,
quase não vejo filmes nacionais também.
não vou ao teatro, não tem teatro! a não ser uma vez ao ano.
não vou ao parque a não ser para tirar fotos e andar, andar e andar, assim também tem uma 'usina velha', onde vez ou outra (duas vezes ao ano) tomamos tereré. mas nem sabemos ao menos a importância de tal usina para a cidade ou população.
não conheço atração cultural.
vou ao shopping, o único.
não vou à livraria, não tem!
não vou ao café, não tem! tem, mas é como se não tivesse.
fui à aldeia uma vez pela manhã, num evento de uma universidade. uma outra vez... deixa pra lá... 
aprendi que devemos odiar índios e pobres. não os odeio e até já amei um.
não fui ao gp de f1,
não vou a shows, nunca cantarolei ao vivo com maria rita, rita lee, emerson nogueira, kiss, jack johnson, guns, ou qualquer coisa que me apeteça,
já fui a algumas violadas, péssimas, por sinal. 
nunca fui ao pacaembu,
nunca fui ao hopi hari e nem ao play center,
não conheço bares bons com música boa.
não fui ao ibirapuera.
fui ao parque das nações indígenas, museu fechado!
fui a um espetáculo político de direita, neste sim, comi comida boa e dei muitas risadas. grandes proprietários de terra, praticamente donos do estado vangloriavam-se, entre tropeços gramaticais, serem 'os empregadores' e necessitados de terra produtiva. tentam tomar mais uma vez a propriedade indígena da cidade.
aprendi a gostar de indígena.
não fui amada,
não fui ao mercadão municipal e nem à 25 de março,
não fui ao itaú cultural,
não fui ao show gratuito de andrea bocelli
não fui à são silvestre e nem à av. paulista.
não fui a cantinas italianas e nem ao restaurante neo-zelandês,
nem ao restaurante mineiro.
comi carreteiro.
tomei tereré.
conheci bonito-ms. isso me valeu!
acampei, nadei e morri de felicidade.
conheci ari artuzi e sua 'cabeça' contagiosa,
suas mãos compradas em pedro juan caballero,
sua camisa suja e fedida e suas palavras sem sentido.
vomitei.

contudo, continuo corinthiana, brasileira e paulista.


sábado, 9 de maio de 2009

pleonasmo

há dez anos atrás fui à prefeitura municipal da minha cidade natal, presidente epitácio. chegando naquele ponto, decidi subir pra cima para ver se chegava à casa da minha tia... 

 

e assim vive o pleonasmo.

http://www.youtube.com/watch?v=Qbm2w_T4laY

quinta-feira, 7 de maio de 2009

jesús martin barbero

durante o seminário internacional sobre diversidade cultural (brasília, jun/2007), internautas puderam interagir via chat (visível por todo o auditório inclusive pela mesa), por onde expressaram suas opiniões e encaminharam perguntas aos palestrantes.

o professor jesus martin-barbero respondeu a algumas destas perguntas.




fonte: youtube

quarta-feira, 6 de maio de 2009

direito de resposta - rede tv!

este vídeo é para quem diz que o 'povo' prefere ver 'bunda' na tevê. 
exibido em todo o mês de janeiro de 2008 na rede tv! das 16h às 17h

direito de resposta foi um programa veiculado na rede tv! após punição recebida por joão kleber em seu programa 'tarde quente' que violentava moralmente os GLTA (gays, lésbicas, transsexuais, afins), além de agir jocosamente com classes sociais de pouco poder aquisitivo, anões, pessoas de aparências fora do padrão, etc.



terça-feira, 5 de maio de 2009

assustadoramente normal

a evolução dos meios de comunicação



gestos, grunhidos, desenhos na caverna
na pedra, argila, papiro, papel
na fumaça, no ar, no céu e no mar e além dele.
numa sequência de toques, num dos ouvidos, na língua, na fala
na carta, no pombo, nos livros, o império da comunicação.
celular, sms, e-mail, msn, orkut, blog...
daqui alguns anos, sem saber, tv digital. 

segunda-feira, 4 de maio de 2009

timão ê ô

num domingo não tão legal, netuno me chamou para tomar um sorvete na sorveteria do sr. fábio costa, antigo presidiário de são paulo, mas ótimo trabalhador, embora tenha lá suas quedas para brigas.
na sorveteria me puseram uma primeira bola de creme, mas pedi para ronaldo, um dos funcionários mais conhecidos e talentosos caprichar no meu. com carinho, tomou em suas mãos a minha felicidade, e colocou uma bola de chocolate sobre o creme. todo mundo vibrou com sua habilidade. em pouco tempo, uma linda cobertura que deixou o dono da sorveteria maluco de raiva.

na semana seguinte, já um outro domingo mais feliz, não foi ronaldo quem me atendeu, mesmo assim o sorvete foi bom e de chocolae, novamente.

porém, fica na minha história o gostinho daquele domingo mais ou menos que se transformou em uma pintura linda, com gosto doce e animado. já a noite, com a família reunida, comemos peixe assado, frito e ensopado.

santos 1X3 corínthians no placar (3 timão no frango fábio costa, 1 de felipe, contra)
satos 1X1 corínthians

valeu timão. campeão paulista 2009 - mais uma vez.
direto do coração de uma corinthiana 

sábado, 2 de maio de 2009

só senti

dizem que a receita para a felicidade vem da homeopatia. 
dizem por aí que devemos tomar todos os dias pequena dose de felicidade, achar graça nos gracejos da vida, das mínimas coisas.
dizem que devemos enxergar as cores da joaninha, os cantos dos pássaros, o correr das águas.
e dizem também que o beija-flor deve ser admirado pela sua velocidade e gosto pelas flores.
mas já ouvi quem dissesse que aqueles que dizem são loucos.
cheirei minha mão e cheirava mexerica.
olhei para os meus pensamentos, remexi na infância de casa, nos meus. senti e tudo isso se verteu numa lágrima não derramada.

 

quarta-feira, 29 de abril de 2009

noir et blanc

noir
et
blanc 

un retract, un morceau, un cadeau.




image au coeur de ellen nayara kotai costa

segunda-feira, 27 de abril de 2009

touché

voulez vous choucher avec moi, ce soir?


touché! corínthians faz quatro gols no clássico contra o santos na final do paulistão.
não fosse o toque e gol contra de felipe, o goleiro show dos últimos dois anos, teria deixado o peixe a ver navios e não teriam sequer um número natural no placar.

final, quatro gols do corínthians, zero do santos!!! placar 3X1.


a bola da vez foi ronaldo, o eterno gorducho que teima em fazer gols. e o troféu abacaxi vai para o rei da barriga de pelé, o senhor derrotado que há cerca de um ano desacreditou do fenômeno e de suas peripécias (pessoais e 'campais').

sábio pelé!




fotos: lance, terra e blogs


quinta-feira, 23 de abril de 2009

Educomuniquei

um dia esse foi meu trabalho. um dia educomuniquei. 
se pelas desventuras do tempo pensei não ter atentido ao chamado da educação, 
me restaram algumas provas de um amor dedicado corretamente.
amei. eduquei. educomuniquei.






vídeo desenvolvido pelo grupo anjos da vida na oficina de educomunicação do cesmar de
dourados, coordenados pela educadora ellen nayara kotai costa.



segunda-feira, 20 de abril de 2009

manipulação da massa

ingredientes:
-um grupo de pessoas, vários grupos de pessoas, enfim, muitas pessoas;
-veículo/meio de comunicação
-interesses financeiros - lucro
-profissionais e atitudes anti-éticas

modo de preparo:
reúna as pessoas em grupos por afinidade, mas de maneira que, no fim, vários grupos formem um só grupo com o maior número de pessoas. junte os interesses financeiros aos veículos de comunicação e acrescente os profissionais anti-éticos. misture tudo até que se produzam materiais que façam a massa se unir e se tornar uniforme e forte. espere crescer.
após algum tempo, coloque no forno e venda.

obs1 - fácil manipulação
obs2 - alto percentual de lucro
obs3 - dependência de consumo da massa


atenção, quanto mais bater, mais a massa cresce!
ASSISTA!





domingo, 19 de abril de 2009

índio, fazer barulho

hoje é dia de índio. hoje, tem programa de índio para fazer e ver na tevê. aparecem os pele-vermelhas com cocares e corpos pintados em dia de festa. 
saindo dos livros de literatura e do agendamento festivo e quase folclórico, do imaginário 'iracema' e 'ubirajara', do romântico josé de alencar, dos arcos e flechas, vale encarar o vídeo que segue. 'vista a tanga, pegue o urucum' e dispa-se de seus preconceitos, 'karaí'!
produzido pelo cineasta alejandro ferrari e por jovens indígenas das aldeias bororó e jaguapiru, de dourados-ms.





na cultura indígena, ao sair da infância a pessoa se casa e passa ser adulta, claro passando por diversos rituais. isso implica na não existência do período da adolescência na cultura.
estando as aldeias bororó e jaguapiru inseridas na área urbana da cidade de dourados, muitos são os indígenas que pouco falam as línguas guarari e terena. da mesma maneira, muitos são os indígenas que se espelham na sociedade dos não indígenas, justamente pela proximidade da reserva e da cidade, pela mistura e ilusão de 'igualdade', de possibilidade de vida, de dinheiro, pela interferência direta e incisiva dos karaí. porém, iludidos com estas possibilidades, são, em sua maioria 'explorados', e passaram a ficar à margem da sociedade 'branca',  'sul-mato-grossense' e douradense.
as crianças indígenas crescem, não se casam de imediato, e se identificam com os adolescentes não indígenas, passando a 'ser adolescentes indígenas' e gerando confrontos culturais, já que esta categoria, reitero, não existe na cultura referida. os jovens 'pele vermelha' passam então a não se encaixar em sua cultura mãe, assim como não são aceitos na sociedade dos não indígenas devido ao choque cultural e essencialmente ao reforçado preconceito.
porém, aos poucos as culturas se modificam e o jovem indígena 'conquista' alguns direitos. não sem esforços, não sem crimes velados cometidos a eles, não sem injustiças.
hoje, estes jovens estão na universidade e o preconceito cometido a eles ainda é um dos maiores obstáculos.


os jovens indígenas que produziram este vídeo fazem parte da 'ação dos jovens indígenas',  um grupo conhecido como 'aji', que se enquandra justamente na dita 'adolescência indígena' e que busca se fortalecer, conquistar seu lugar no mundo e o respeito perante a sociedade dos karaí e dos indígenas. vale se aprofundar no conhecimento desta situação.

indicação de leitura: 
dissertação de mestrado Comunicação Popular - Alternativa Desenvolvida por Jovens Indígenas das Aldeias do Jaguapiru e Bororó em Dourados /MS
http://www.metodista.br/poscom/cientifico/publicacoes/discentes/mes/mestrado-0012/

blog da ação dos jovens indígenas
http://ajindo.blogspot.com/

sábado, 18 de abril de 2009

19 de abril

pois se são índios, nativos, são os verdadeiros brasileiros,
aqueles que não desistem, aqueles que resistem, que sobrevivem,
são a nossa versão original, o genuíno.
se hoje são índios, são bugres, vermelhos, diferentes,
e vivem à margem do mundo, é por pena de nós.
 





me relaciona 19 de abril, o aniversário de morte do filho de uma tia. vejo, hoje, 19 de abril como morte e me sinto certa dessa impressão morando em dourados-ms. índio é sinônimo de pobreza de sujeira, de porquices, de feiura, de morte. indígena, já vi ser comparado a um cão. é pra morrer!!!
aqui vai meu respeito e admiração. índio, fazer barulho. 

sexta-feira, 17 de abril de 2009

bagarre de filles

e viva o altruísmo, a importância do outro, a generosidade.
elas não aprenderam a dividir com o 'barney'

ridículo! muito bom!

entre:
http://www.humour.com/videos.asp?num=13174





karamazovi, os kara!

dia 19 de fevereiro tirei o saquinho plástico que recobria o livro 'os irmãos karamazovi', do escritor russo, fiódor dostoiévski. entre mãos, depois de um ano guardado e ainda virgem, uma pequena bíblia de cerca 780 páginas (editora martin claret) de pequenos caracteres com o mínimo de espaçamento entre linhas.
não foi surpresa a densidade daquele tijolinho. em 2007 já havia lido 'crime e castigo', do mesmo autor, e as lembranças e aprendizados de cores pastéis pesadas e odores de penumbra, me incentivaram ao início da nova leitura.
respirei fundo.
fiódor pávlovich abre alas para os personagens de nomes complicados e almas idem e, no decorrer de uma leitura agradabilíssima, os quadros vão se pintando, as partituras vão se construindo e os karamazovi tendo vida e história. os agregados, amigos, estranhos e demais coadjuvantes que, ao menos por algum instante se fazem personagens principais, vão, junto da família masculina karamazovi, emprestando suas histórias para o leitor.
agradabilíssima sim, porém com peso, com densidade, com furor e estômago. a bílis vai tomando gosto de vida e cada ação tomada tem o peso do erro humano e a reflexão de uma espiritualidade superior. 
livro eterno como intenso, livro éter.
as letras, palavras, folhas não se acabam e, dois meses depois, ainda na página 400, a dor, o pecado, a sujeira e o caráter estampados no livro me envolvem num cansaço e familiaridade surpreendentes. ainda não cheguei no famoso parricídio e já me vale a pena.
assim que o livro morrer, o enterro.

aqui 'os irmãos karamazovi' em versão mais chique que a minha, em reais mais altos também, mas vale investir. http://www.americanas.com.br/AcomProd/1472/2618968


curiosa ilustração abaixo
notas de dostoiévski para o capítulo 5 da obra - fonte: wikipédia




quinta-feira, 16 de abril de 2009

bom dia!

contexto - redação do jornal

ambiente branco e quadrado. seis computadores, sendo três de frente aos outros três numa só fileira. seis pessoas sentadas, jornalistas. a dois passos de distância mais dois computadores, agora separados a outros dois passos. diagramador e editor.
quatro folhas de papel escritas em 'tahoma' todo o caminho de trabalho, as experiências.

a cada passo, duas ou três batidas de coração num ritmo digno de sapucaí. um sorriso, um 'oi', um 'boa tarde' e o par de olhos iam e vinham. um sorriso, um 'oi', quatro folhas A4, quatro mãos. quatro folhas A4, duas mãos.
a cada passo, uma ou duas batidas de coração num ritmo fim de balada. alguns sorrisos, passos, seis computadores. mãos vazias.
meu celular vai tocar?

.

a vida hoje me foi doída e pareceu que meu corpo viveu justo quando descansei da luz e do ar.
fechei os olhos do corpo e da alma, tranquei os pensamentos e espaereci enquanto não parecia viver. abri os olhos e, outra vez, a vida me doeu. as sobrancelhas se enrigeceram, o rosto se contraiu e o dia continuou, como se nada se tivesse passado. ponto.

grunidos do coração de alguma ellen nayara kotai costa

sexta-feira, 10 de abril de 2009

l´Aquila X l´acquila

l´Aquila X águia - nos olhos perspicazes, a proteção não coube às asas deste bicho. a terra se revoltou, tremeu, matou, morreu. os quase 300 aumentam a cada dia. a grande mãe da arte tem se rendido aos abalos. a renascença também tem fim.



aquilo que não ouvimos, aquilo que não lemos.



L’Aquila. Ho visto gente viva senza più niente. Ho visto gente che non era neanche più viva. Ho visto disperazione, rabbia, soprattutto un dolore infinito. Ho assistito ad atti eroici e a caos assoluto. Sono stato dentro, per l’ennesima volta, alla tragedia di quest’Italia bellissima ma fragilissima. Con la speranza, stavolta, che la partecipazione collettiva non si esaurisca in pochi giorni.


L´Aquila. Vi gente viva sem mais nada. Vi gente que nem estava mais viva. Vi desespero, raiva, sobretudo uma dor infinita. Assisti a atos heróicos e ao caos absoluto. Estive dentro, pela enésima vez, da tragédia desta Itália belíssima, mas fagilíssima. Com esperança que, desta vez, a participação coletiva não se acabe/canse em poucos dias.




valentina scrive: 

fa male guardare, e ancora più male fa sapere che non puoi fare altro che pregare, e sperare che ci siano persone ancora vive.

mettiamo le mani ai capelli, e versiamo lacrime, ci stringe il cuore, e ci chiediamo come possiamo aiutare, oltre al semplice messaggino col quale donare un euro, oltra a donare sangue all’ avis, cosa possaimo fare?



faz mal olhar e ainda mais mal saber que não se pode fazer nada além de rezar e esperar que existam pessoas ainda vivas.

colocamos as mãos na cabeça e derramamos lágrimas, o coração aperta e desejamos uma maneira de ajudar, além de uma simples mensagem ou de doar um euro, além de doar sangue ao vizinho, o que podemos fazer?



quarta-feira, 8 de abril de 2009

ora, pois!

...
ora, pois!


grunidos do coração de alguma ellen nayara kotai costa

terça-feira, 7 de abril de 2009

eu sou um perigo à sociedade

 "Uma mulher com o braço engessado faz parte da estratégia da quadrilha para entrar em bancos com armas". veja em:

Já eu sou mais perigosa. Levando um molho de chaves, moedas, um mp4, uma caneta, halls, um par de óculos de sol e alguns papéis na bolsa, não consegui entrar na agência do Itaú da rua Marcelino Pires, no dia de hoje, em Dourados-MS.
A porta travou umas oito vezes e a cada alerta, todos se voltavam em minha direção para ver o que acontecia. Situação vexatória!!!
O segurança, ainda que cordialmente, me pediu apenas licença para deixar os outros cidadãos entrarem e saírem do banco, e em nenhum momento se dirigiu a mim com a intenção de resolver esse problema - que concerne ao banco Itaú e não a mim.
Vai ver, ter o braço sadio faz com que a porta trave.
Sistemas desregulados e falhos. Quanta segurança!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

ora, pois!

pois, queria eu, lembrar-me do teu beijo e do calor por ele provocado.
pois, queria eu, completar-me ao teu corpo.
pois, queria eu, encher-me da tua alma.
pois, com a completude do teu ser, o meu ainda mais se avoluma.
pois, 
ora, pois.

grunidos do coração de alguma ellen nayara kotai costa

domingo, 5 de abril de 2009

perigo II


foto:ellen nayara kotai costa

o ícone da demarcação, da pseudo-propriedade, da eterna guerra entre o vermelho e o branco, da proibição. ferrugem, ferragem, dor em tons de marrom. passou, apagou!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

perigo

foto:ellen nayara kotai costa

em algum lugar simples e comum, fácil de achar nas redondezas e na cidade de dourados-ms.
farpas e ferpas de uma dia a 40°C. imagem a la suor e sangue.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

pela net

e se literatura é parte da diversão e aprendizado, em seguida vai um achado. autor - Gilvã Mendes

ah, muito texto? putz, leia, 20 minutinhos e verá que vale a pena.

 

nas dificuldades da vida, no furor dos sofrimentos e preconceitos, no lugar errado, da cor errada, de forma defeituosa, do jeito da inexistência. e assim, no meio do nada, resiste uma pérola. é na periferia e salvador que um grão de areia machuca uma ostra.


Jovem desvenda as ladeiras de Salvador sentado em uma cadeira


Será que um cadeirante e Jorge Amado vêem as ladeiras de Salvador do mesmo jeito? Gilvã Mendes escreve sobre isso no livro “Queria Brincar de Mudar Meu Destino”. Cadeirante e morador da capital baiana, o jovem rapaz conta sobre as dificuldades de estudar em uma escola pública, se locomover em uma cidade cheia de ladeiras e, principalmente, do desafio de escrever um livro tendo os dedos atrofiados.

Leia trechos do livro:

As ladeiras de Salvador

"As ladeiras e as ruas de Salvador sempre excitavam buscas de aventuras cavalheirescas e contemporâneas de Jorge Amado: jogar capoeira, tomar um bom trago de cachaça vagabunda, fumar pontas de charutos ordinários, uma boa briga de navalha, cair no samba com as neguinhas ou derrubá-las na areia d’alguma praia, coberto pelo manto prateado da mãe noite e ao som choroso da seresta do mar, que é o quebrar vagaroso das ondas nos arrecifes. As ladeiras e as ruas
daqui são como portais para as aventuras mais quiméricas dos vagabundos, malandros, putas, poetas e dos Capitães da Areia – foi assim que Jorge Amado me apresentou às ladeiras e ruas de minha cidade. Eu estava cabalmente fascinado por elas. Ah, queria mergulhar nelas! Não sabendo eu que mais tarde isso aconteceria...
Do começo ao fim do primário, eu não tinha cadeira de rodas. Fazia falta, porém nem tanto, pois eu quase nunca saía, estudava há pouco menos que cinco metros de distância da minha casa e ia para a escola no colo de meu tio ou de meu irmão. Eu já era enorme, as minhas pernas ficavam batendo nas deles, corríamos o risco de cair se eles tropeçassem nas minhas pernas secas. Eu sempre fazia questão
de ser o primeiro a chegar à sala de aula, para que ninguém me visse
sendo carregado. Morria de vergonha disso.

Quando passei para o ginásio, a escola era mais distante, mas eu já tinha uma cadeira de rodas e não tinha muitas dificuldades. Apenas subia uma pequena ladeira, e só havia uma curva até chegar lá. (...)"

*** 
O caminho que escolhi

" Nunca acreditei que o homem fosse produto do meio. Acredito, isso sim, que somos produto de nossos pensamentos, desejos e de nossa determinação. Gosto de citar os exemplos de Machado de Assis, Martin Luther King e Abraham Lincoln. Eles tinham tudo para dar errado, mas foram símbolos de persistência, coragem e fé. Mas se, para alguns, eles são personagens distantes, cito meu próprio exemplo.
Desde criança vi tudo conspirar contra mim. Pra começar, nasci negro, na periferia de Salvador. Fui o quinto filho de um casal com problemas financeiros e amorosos, que na maioria das vezes tentava resolvêlos de forma primitiva. Enfim, um casal que vivia em conflito. Eu me abalava mais do que os meus irmãos com as brigas entre meus pais. Também nasci na pior fase financeira da família (minha mãe diz que fui o filho que mais passou fome). Mas o último ingrediente, o que faria aumentar exponencialmente as dificuldades a vencer na vida, é a minha deficiência. Enquanto meus irmãos apanhavam para aprender as lições da escola, eu olhava os livros feito um cão que deseja um frango de padaria. Sonhava em ir para a escola, mas não conseguia ser aceito.Aprendi a ler e escrever em casa. Uma amiga de minha mãe emprestava gibis que eu ficava horas e horas lendo. Às vezes titubeava nas palavras, insistia, gaguejava, insistia e conseguia. O tempo passava, eu lia mais
e melhor, meu desejo de estudar aumentava. Quando minha mãe conseguiu uma vaga numa escola, que felicidade! Nos primeiros dias, os meninos me olharam torto. Teve um que, além de zombar de mim, me bateu. Chorei pela vergonha de não
poder reagir. Mas me enturmei e em poucos dias já brincava com todos. Foi nessa época que nasceu em mim a vontade de escrever. Meus amigos de infância criavam bandas musicais e desenhavam histórias em quadrinhos. Como eu não tinha movimentos no braço esquerdo, não podia tocar nenhum instrumento. Tampouco sabia desenhar. Passei então a compor as letras das músicas e a escrever os roteiros das histórias. Foi assim que, no fim da quarta série, uma peça teatral escrita por mim foi encenada na escola, e um poema meu declamado. (...)"

***

Mulher misteriosa
Amante dos poetas,
protetora dos profetas,
cama dos mendigos,
amiga dos amigos.
Companheira dos vagabundos
Mulher misteriosa, que nenhum
homem conhece a fundo.
Mulher que nos nina feito crianças,
trazendo as nossas mais escondidas lembranças.
Conselheira dos equivocados e pecadores,
mãe de paixões e amores.
Às vezes atormentadora,
às vezes consoladora…
Mas sempre tão santa, tão profana,
tão humana!
Deus podia dar-lhe o nome de:
Maria, Selma, Anna…
Mas deu-lhe outro nome doce:
Noite.

***

Se alguém

Se alguém me acusar apontando-me a mão,
de nunca atentar para a miséria dos meus irmãos,
de não atacar, contradizer, denunciar, amaldiçoar nos versos,
de nossa raça os exterminadores, os algozes perversos.
Se alguém me acusar de ser insensível
aos apelos, lágrimas, palavras tristes,
que a tudo isso os meus ouvidos resiste,
de ser indiferente ao sangue de meu irmão que na rua passa
regando a árvore maldita da desgraça.
Se alguém me acusar de ser alheio
ao ver retraído o rosto inocente da criança,
ao morder o podre fruto da maldita árvore,
cujos frutos são um presente de Satã – a vingança.
Se alguém me acusar de nunca ligar
para os gritos dolorosos da mãe sem nome,
que meus irmãos agem segundo a voz da fome,
que por dinheiro eles são seduzidos pela Dama da foice,
e que como outrora são tratados com açoite.

Se eu não falar da favela,
do riso bonito da menina, do brilho do olhar,
do primeiro eu te amo, coisas simples e belas,
quem fará sonhar as almas dos românticos,
quem embalará os amores com poéticos cânticos?
De que adianta falar, falar da violência
com tanta raiva, ódio e violência?... (é decadência!)
De que adianta filosofar acerca do amor,
e nunca ter sentido por ele no peito uma gostosa dor?
De que adianta discutir tentando achar
uma solução para os problemas,
se não entendem de amor um poema?

***

O começo da aventura

"Era uma vez um menino muito curioso: eu. Com seis anos, já perguntava à minha mãe como tinha nascido. Mas foi só depois de muita insistência, quando completei oito, que ela concordou em responder. Minha mãe jamais me fez fantasiar, sempre tinha na ponta da língua a verdade, que doía, amargava, mas servia de antídoto contra o sofrimento. Não me poupou de nenhum detalhe da madrugada de 2 de outubro de 1984. Naquela idade, eu já tinha visto coisas que poucos adultos (em
especial os nababos) poderiam imaginar. Então, enquanto minha mãe contava a história do meu nascimento, botei a cabecinha para funcionar e criei cenário, figurinos e diálogos. Foi assim...

No dia em que nasci, minha mãe, uma jovem de 24 anos, estava deitada no tapete com meus quatro irmãos. As paredes estavam esburacadas e o teto miserável, prestes a cair. O piso era de barro batido; a porta, remendada com um pedaço de tábua velha; a janela chegava a ser uma relíquia, de tão antiga. Uma mesa de quarta mão, um banco de madeira entupido de percevejos (que devoravam as pernas de quem se sentasse) e um fogão comido pela ferrugem completavam o quadro. Ela tentava dormir, mas tudo roubava-lhe o sono: o cheiro de
cachaça, urina e vômito de meu pai caído a seu lado, o odor fétido do tapete, a fome, a saudade da juventude. Levantou-se devagar para não despertar os filhos, abriu a porta, acendeu uma ponta de cigarro que tinha guardado para fumar de madrugada e mergulhou em seus pensamentos. Riu de si mesma ao recordar as travessuras de criança. Quando o avô disse que queria comprar um porquinho, ela sorriu inocente e perguntou: “Pra quê, se a gente já tem uma porquinha?”, referindose à própria mãe, que era gorda. Tomou uma surra por isso. Lembrouse
da adolescência, e seus olhos tornaram-se mais melancólicos e chorosos.

Ainda era adolescente quando conheceu um rapaz da cidade de Maragojipe. Apaixonaram-se. Foram meses de encantamentos, flores e palavras poéticas. O conto de fadas logo virou um conto rodriguesiano: eles transaram e ela engravidou aos 16 anos. O rapaz, Francisco (nome inventado), recebeu a notícia como uma criança que recebe um brinquedo. Pulou, riu, contou a todo mundo. Era seu primeiro filho. Não que minha mãe não tenha ficado feliz, mas temeu a reação da família. Pensou que levaria uma surra inesquecível e que seria expulsa de casa, mas não foi bem o que aconteceu: “O que vai dizer o povo? O que pensarão meus fregueses da quitanda? Que você é uma descarada, vagabunda. Você vai ter que se casar antes que essabarriga cresça!” – bradou meu bisavô, com a honra maculada. Ela resistiu. Era nova demais para casar, queria continuar os estudos e podia trabalhar para sustentar o bebê. O pai também ajudaria nas despesas. Acabou por convencê-lo. Mas ele jurou casá-la antes de morrer. O bebê nasceu – era uma menina. A cara da mãe! Ganhou o nome de Lívia. As lembranças de minha mãe foram interrompidas por umador aguda na barriga. Foi ao banheiro, voltou, deitou no tapete, gemeu, suou frio, não suportou mais:

– Francisco, acorda! Acorda!
– Hã... O que é?
– A minha bolsa estourou!
– Que porra! Me acordar só por que a sua bolsa quebrou.
– Droga! Eu tô parindo!
– Logo agora, cinco da manhã? Não dá pra esperar mais um
pouquinho, não?!

Meu pai levantou cambaleando, saiu à procura de um carro, voltou 15 minutos depois com um táxi. O taxista ajudou minha mãe, pois com a dor ela perdera todas as forças, e meu pai mal se aguentava em pé de bêbado.Foram para a maternidade. Meu pai não se conformava: “Nasceu mais um problema, mais uma conta pra pagar, mais umador de cabeça” (o problema, a conta para pagar, a dor de cabeça era eu. Mal sabia ele que fazia uma previsão certíssima). “Eu sou tão novo, já com cinco filhos. Mas a culpada é Teresinha, eu sou homem, ela é que tem que se cuidar”. (...)"

***
Queria voltar

Queria brincar de mudar meu destino,
sem vergonha, chorar.
Queria voltar a ser menino,
com nada me importar.
Queria voltar a ser menino, acreditar
em meias verdades,
acreditar na desconhecida felicidade.
Queria voltar a ser menino
para me fazer rei,
fazer meu mundo sem leis.
Mas minha cara está encabelando,
meus sentimentos, ignóbeis
estão se tornando.
É como uma doença que me consome.
Estou me tornando homem...

***
Minha vida de bebê

"Certa feita, vi na televisão um quarto de bebê que mais parecia uma casa. Detalhes bonitos, cores harmoniosas, brinquedos maravilhosos, um berço exagerado de grande... só o guarda-roupa do abençoado tomava quase metade da sala de minha casa. Eu devia ter uns oito anos.

– Bãinha, quando era bebê, eu tinha um quarto e um berço?
Ela respondeu-me com um tom melancólico:
– Você, meu filho, nem tinha onde dormir. Tive que completar o malcheiroso tapete com um pedaço de papelão forrado com lençol, e você se amontoou lá com seus irmãos. Naquela ocasião, ela ainda omitiu o tamanho do meu enxoval. Contando tudo, não dava 20 pobres peças."

***
A menina que passa

"Qualquer dia destes, vou me sentar
na porta de minha casa para esperar.
E mesmo com o passar do tempo estarei atento,
só para ver passar a menina que passa correndo.
Nunca vi essa menina quieta.
Dizem que ela sempre tem um sorriso sapeca,
que só vive brincando de pega-pega,
mas só brinca com os adultos.
Enquanto ela corre sorrindo meigamente,
vão os homens de rostos duros e alguns sorridentes,
maquinando nas sombrias mentes
uma maneira de tomar para si a menina contente...
Só as crianças não participam da brincadeira dela,
não a invejam, são semelhantes a ela.
Eu não participo dessa brincadeira,
não é por causa de minha cadeira.

Eu só quero da menina um facho da luz do seu sorriso,
para quando eu tiver morrido.
Num só momento, toda a minha vida vai ter apenas valido...
Há pessoas que levam a vida toda atrás da menina levada,
E atrás delas vão suas famílias, seus amigos, as suas coisas
amadas,
e morrem sem a menina, sem as suas famílias, sem nada...
Eu só quero ser igual às pessoas que, sem querer,
no caminho da menina passam,
e ela sem explicação lhes sorri, os abraça...
Eu só quero ser como essas pessoas: cair nas graças
dessa menina que nunca para, apenas passa...
Mesmo que anos e anos passem, nenhum dia
vou desistir de ver a menina desejada dos bons e perversos.
Quem sabe um dia eu lhe dedique uns versos,
e quando a menina passar, eu lhe recite a poesia.
Talvez ela sorria para mim, a menina que passa, a Alegria..."

***

A descoberta

"Eu já tinha entre sete e oito meses e, para um menino de minha idade, era muito molinho. Minha mãe já tinha percebido, mas sentia medo – e se ela me levasse ao médico e ele falasse alguma coisa ruim? Nessa época, ela trabalhava em casa, cacheando cabelos, uma espécie de salão de beleza improvisado. Enquanto ela atendia as clientes, eu brincava com minha tia.

– Teresinha, Gilvã não é muito molinho para a idade dele, não?
– Que nada, ele é normal.

Mas ela sabia que era verdade. Eu não brincava nem dava risada como as outras crianças. Dia após dia, esse pensamento perseguiu minha mãe, consumiu-lhe o sono, a fome, o resto de alegria que ainda possuía. Tinha medo que eu sofresse de alguma doença grave. Não havia outra saída senão marcar uma consulta com o
pediatra. Mas havia um problema: eu ainda não havia sido registrado. Como ela me levaria ao médico? A solução veio por meio de uma colega, que também tinha dado à luz há pouco tempo. Minha mãe convenceu-a a emprestar o registro de nascimento do filho. Diz ela que o único medo que tinha era de chamarem o nome do outro menino na recepção e ela não lembrar que se tratava de mim.Ao entrar no consultório, foi recebida pelo médico com cara de nojo.

– O que ele tem?
– Olha, doutor, ele é todo mole, não brinca, não dá risada...
– Tire a roupa dele e coloque-o ali.

Diz minha mãe que o doutor Fernando me examinou meio a distância, como se estivesse com medo de contrair uma doença contagiosa, e que terminou em menos de um minuto.
– Doutor, que remédio devo dar a ele?
– Comida.
– Não, doutor. Ele come direitinho! Eu garanto que...
– Esse menino está desnutrido! Está duvidando de mim? Eu fiquei sete anos em uma faculdade, minha senhora.
– E por acaso foi nessa faculdade que lhe ensinaram a ser cavalo
também?

Ora, desnutrido! É claro que minha mãe não se conformou. Esse povo acha que só porque tem formação pode humilhar os outros. Ele se achava o próprio Hipócrates. Minha mãe até hoje fala que nasci na pior época financeira da família, mas desnutrido não era. No quintal de nossa casa plantávamos legumes, feijão andu, era isso que eu comia. Dois dias depois, eu já havia sido registrado (como Gilvã e não Gilvan, como queria minha mãe), e ela levou-me a outro médico. Fomos atendidos pelo doutor Boaventura, um médico enorme e de aspecto brando. Ele me examinou minuciosamente: fez cócegas nos meus pés e bateu de leve com um martelinho nos meus joelhos, para testar os reflexos. Também pediu exames de fezes, urina, sangue e um eletroencefalograma, todos marcados para dali a uma semana. Foi uma semana intensa para minha mãe. Na data marcada, ela chegou cedo ao laboratório:

– Que dia fica pronto o resultado?
– Em 15 dias.
– Tudo isso?

Durante esse período, ela resolveu ocupar-se ao máximo para não pensar no assunto. À noite, tomava calmante para dormir. Às vezes, queria que os dias passassem rapidamente, para saber se eu tinha mesmo alguma doença; noutras, preferia que os dias se arrastassem, para não saber de nada. Até que chegou o dia de retornar ao médico, já com os resultados dos exames. Nessa consulta, a voz do dr. Boaventura estava mais amistosa:

– Eu sou médico há muitos anos, mas até hoje não aprendi a dar notícias desse tipo – e explicou que, quando nasci, houve falta de oxigênio em uma parte do cérebro, o que paralisou um lado do meu corpo. Eu não poderia andar, mas ele me encaminharia para um fisioterapeuta, o que ia me ajudar. Meu intelecto não tinha sido afetado. Minha mãe nem ao menos pegou de volta os papéis dos exames. Partiu em disparada para casa, chorando. Imaginem o que ela sentiu quando soube que seu filho amado não poderia correr. Eu precisava de cuidados especiais, e minha mãe estava sozinha. Meu pai era um bêbado inveterado, não parava em um emprego. Minha avó não dava apoio, minha bisavó também não. Era só ela, e cinco filhos.

– Chico, o nosso filho é doente, ele não vai andar!
Meu pai silenciou. No calor da emoção, pegou-me no colo:
– O nosso bebê lindo, a cara do pai, a gente não vamos jogar fora. A gente vai amar ele do mesmo jeito que a gente ama Lívia, Mery, Aline e Kleber – e acariciou minha cabecinha, fazendo essas papagaiadas de bêbado.

***

Loucura 

" Depois que recebeu o diagnóstico do médico, minha mãe deu pra andar pela casa feito um fantasma. Comigo nos braços, chorava um choro fino e incessante. Meus irmãos acordavam de madrugada, assustados.

– Papai, por que mãinha tá chorando?
– Vão dormir. A mãe de vocês num tá chorando, não!

A cena começou a se repetir também durante o dia. Era como se tiranos deuses gregos a tivessem castigado, fazendo-a chorar eternamente. Já nem conversava comigo, que, apesar de ainda bebê, era seu único confidente. Os parentes perceberam sua depressão, mas, como de costume, não quiseram intervir. Não comia direito há dias, e tanto ela como eu emagrecemos bastante. Mas não descuidou de meus irmãos. Quando eles reclamavam da fome, ela cuidadosamente forrava o chão, deitava-me, e rapidamente aprontava uma comida. Só se recusava a fazer qualquer coisa para meu pai. Um dia, ele chegou em casa bêbado e furioso (na
certa, alguém o fez de besta na rua e ele quis descarregar a raiva na mulher). Gritou que queria jantar, minha mãe se fez de surda. Meu pai partiu para cima dela.

– Bate! Bate, sacana! Quando eu mais preciso de você pra me ajudar a criar o nosso filho, você sai, chega bêbado pedindo comida e ainda quer me bater! Vem! Bate!
– Eu vou até dormir, pra não fazer uma arte com você.

De outra vez, foi a visita de Maura, uma amiga de infância, que a tirou do sério:

– Teresinha, eu vim trazer um presente para o seu bebê. Não vim antes porque estava trabalhando e chegava tarde...
– E quem disse que eu quero você aqui na minha casa? Saia. Saia agora! Você só veio aqui pra ver o meu filho doente e contar a todo mundo: “Oh, coitadinho do filho de Teresinha, ele é doentinho”. Saia logo. Saia!

Nem é preciso dizer que Maura saiu cabisbaixa. Sempre foram amigas, brincavam juntas, iam escondidas para a praia, foram companheiras nos primeiros tragos de cigarro e primeiros porres. Algo estranho estava acontecendo. Quando a família descobriu o motivo da depressão de minha mãe, começou a me tratar com um carinho exagerado, uns modos demasiados delicados. A emenda foi pior do que o soneto: ela logo percebeu que tanta afeição era pena de mim, o bebê aleijadinho.
Isso durou até a noite em que meu pai bateu à porta uma, duas, três, quatro vezes. Dona Elvira, avó de minha mãe, atendeu:

– Cadê a outra? Aposto que tá na casa dos outros!
– Não. Teresinha saiu e mandou lhe entregar este bilhete:

“Francisco,
Fugi com o nosso filho pra criar ele longe desse povo preconceituoso. Eu parti, mas deixo aí cinco partes do meu coração: uma para Lívia, outra para Mery, para Aline, para Kleber, e outra para você. Apesar de nossas brigas, eu gosto de você.
Teresinha” (...)"


publicado em - holofote27/03/09

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/noticias/index.htm